sábado, fevereiro 21, 2015

Real Alto da Ajuda

Hoje trago-vos aqui um pequeno passeio por um dos bairros mais antigos de Lisboa, com a particularidade de entre 1852 e 1885 ter sido um Município, a Câmara Municipal de Belém.
O passeio começa onde outrora,após o terramoto de 1 de Setembro de 1755, o rei D. José I, dada a sua fobia provocada pelo dito terramoto, criou em viver dentro de palácios de pedra, decidiu levantar aqui neste terreiro o que ficou conhecido pelo Paço de Madeira ou a Real Barraca, uma estrutura em madeira com toda a sumptuosidade para uma família real viver.
Por aqui foi mais tarde erguido o Palácio Nacional da Ajuda, o sempre inacabado palácio por dificuldades financeiras. 
A Torre do Galo, uma torre cineira com 4 relógios, faria parte de uma igreja que serviu, ou mesmo já existiria antes do terramoto de 1755, o culto aos senhores que habitavam a Real Barraca.

Torre do Galo


 Palácio Nacional da Ajuda



 Calçada da Ajuda

Na Calçada da Ajuda existe o primeiro jardim botânico de Portugal, o Jardim Botânico da Ajuda.

Em plena Calçada da Ajuda surge-nos um dos muitos pátios alfacinhas, o Pátio do Bonfim oriundo do século XVIII e propriedade a partir de 1840 do Conde do Bonfim.


Chafariz de pedra com tanque circular tendo como caracteristica duas bicas opostas onde se encontram inscritas a negro as palavras Povo e Bica do Povo, sendo este último onde os águadeiros enchiam os barris que levavam ao ombra pelas ruas para venderem o precioso líquido.A outra bica era onde os locais se abasteciam.
 Largo do Município de Belém

Na Igreja da Memória mandada construir pelo Marquês de Pombal como agradecimento pela protecção divina a D. José I aquando da tentativa de regicidio em 1785, 3 de Setembro, dando mais tarde origem ao processo dos Távoras e á decapitação de muitos fidalgos contrários ao Marquês de Pombal.
Encontra-se nesta igreja a urna com os restos mortais do Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo

 Igreja da Memória ou Igreja de Nossa Senhora do Livramento e de São José

Chafariz da Memória, construido em cantaria de calcário lioz, de 1850, ostentando em duas faces inscrições a negro Aguadeiros e Povo, local onde tal como no Chafariz do município o povo e os águadeiros se abasteciam de água potável, estes últimos calcorreavam as ruas com o barril cheio de água que vendiam aos transeuntes.

 Largo do Chafariz da Memória




O antigo Regimento de Cavalaria 7, de onde saiu o Brigadeiro Junqueira dos Reis que no 25 de Abril de 1974 tentou na rua do Arsenal fazer frente a Salgueiro Maia. Hoje é onde se encontram aquarteladas as forças de intervenção da PSP.
 Antigo Regimento de Cavalaria 7

Mais a cima encontra-se o Regimento de Lanceiros 2, criado em 7 de Fevereiro de 1833, com o nome de Regimento de Lanceiros da Rainha, atualmente designa-se como um regimento de policia do exercito, e não como anteriormente como corpo de policia militar por ter sido criada a força de Policia Militar em 1953.
 Regimento de Lançeiros 2


Carro de combate Centauro Mk I 24-28 TON 5,7cm na porta de armas do Regimento de Lanceiros de Lisboa 



 M5A1 Stuart, Carro de combate (CC) ligeiro de 15 Ton., fabricado em Detroit/EUA,

Em 1762 o Marquês de Pombal convida o Conde de Lippe, de nacionalidade alemã, a reorganizar o exercito português, tendo este instalado-se no Quartel do Conde Lippe, na Ajuda, mais tarde esteve lá instalado a Direção de Comunicações e Sistemas de Informação DGCI e o Depósito Geral de Adidos, local onde se apresentavam os militares que em rendição individual eram mobilizados para a Guerra Colonial.

 Antigo quartel do Quadro Geral de Adidos, na Calçada da Ajuda Belém Lisboa

 Igreja e antigo Convento da Boa Hora, e actual Hospital Militar de Belém

Passamos também pelo Pátio Alfacinha, um memorial aos muitos pátios lisboetas. Onde se encontram expostos os muitos recantos pitorescos da Lisboa popular. Aqui estão recriadas a taberna, a casa popular, o salão de festas, a mercearia, a padaria, etc.. 

Pátio Alfacinha 


E terminamos na famosa Torre do Galo, que outrora serviu de encosto á igreja que servia de culto á Real Barraca onde a corte de D. José vivia.
 Torre do Galo 

Isto é somente um pequeno aperitivo para aflorar a gula por uma visita a um bairro, o da Ajuda, onde passei o meu tempo de tropa (1974/75), e que revivi num destes dias passados.
Já agora almocem por lá e visitem o Jardim Botânico e o Palácio da Ajuda.
Fiquem bem.